terça-feira, 10 de junho de 2008
E agora José?
junho 10, 2008
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
...
Ao ler Drummond, nesses que são alguns dos seus versos mais celebres, nos transportamos à figura do "José", Talvez não aquele José da década de 40 mas, o José de "brasilidade" quase que insana e que pudesse retratar a mesma sobrevivência no imaginário nacional desta popularidade quase clássica presentes nos versos do Poeta. Transceder à uma luta de Dom Quixote e brigar contra um poder centralista e envolvente é como ser um José lutando contra os moinhos de vento, num embate entre a razão e a motivação do sonho. Claro que nesse caso, poderíamos dizer que os Moinhos são os que fazem parte de uma aristocracia, de um quase novo Ku Klux Klan, ou ainda demais organizações partidárias onde existe o mentor intelectual final e os comandados. Ao ser um José, você se sente no meio desse fogo cruzado, sem ter nada haver.
Você passa a estar sem qualquer perspectiva do "Sonho" seja ele qualquer for. porque a essa altura do campeonato, Já não existem sonhos. A festa acabou, o povo sumiu a noite esfriou.
Onde estará a bonança, o futuro, o tal novo tempo? onde está tudo que haviam a ti ofertado, José? Calma, pensando bem, já estamos vivendo o momento, de ouvir a eloquência de discursos produzidos sobre o esmero de mãos sem pudor.
E Agora José?
Ficamos a procurar algum caminho, para responder a pujante e incestuosa pergunta em questão.
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