Abertura de comporta durou oito dias, prejudicando pescadores
A manutenção e o funcionamento da Barragem de Carpina, localizada no município de Lagoa do Carro, na Zona da Mata de Pernambuco, foram os assuntos discutidos, ontem, na audiência pública promovida pela Comissão de Cidadania e de Direitos Humanos da Alepe. A solicitação partiu do deputado Antônio Moraes (PSDB), que se mostrou, em outras ocasiões, preocupado com o tema. No dia 8 de abril, uma das comportas da barragem estava parcialmente aberta e ficou vazando água durante oito dias, liberando um volume excessivo. O serviço de reparo foi concluído no último dia 17 pela Compesa.
Moraes questionou a responsabilidade pela manutenção da barragem. “Qualquer problema apresentado preocupa os moradores do município e das cidades vizinhas que tiram o sustento da atividade pesqueira e da agricultura de subsistência nas proximidades”, argumentou.
De acordo com o gerente-geral de Planejamento da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, Marcelo Asfora, a barragem não apresenta problemas estruturais. Segundo ele, a responsabilidade pela preservação do manancial não é do Estado, mas do Governo Federal, no entanto, a manutenção é feita pelo Executivo Pernambucano. “Todas as decisões são tomadas em conjunto pelos membros do Comitê da Bacia do Rio Capibaribe. A criação do Conselho Gestor da Barragem do Carpina pode aproximar a população do debate sobre a utilização do sistema”, avaliou.
O gerente-geral detalhou que o grupo responsável pelo monitoramento e funcionamento do reservatório inclui a Secretaria de Recursos Hídricos, Codecir, Comitê da Bacia Geográfica do Rio Capibaribe, Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), entre outros órgãos.
A barragem foi construída na década de 70 com o objetivo de conter as enchentes do Grande Recife. Com o tempo, também passou a contribuir para o abastecimento das cidades de Glória do Goitá, Feira Nova e da própria Capital do Estado. O local pode armazenar até 270 milhões de metros cúbicos, mas, atualmente, trabalha com apenas 55 milhões de metros cúbicos. “O vazamento em uma das comportas foi detectado quando técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos, Compesa e Defesa Civil realizavam testes na barragem. O procedimento é feito rotineiramente, às vésperas do inverno, para evitar problemas durante o período de chuvas. Assim que foi constatado o vazamento, os pescadores foram informados”, completou Asfora.
A prefeita de Lagoa do Carro, Judith Botafogo, lembrou que a cidade tem a peculiaridade de ser cortada pelos Rios Tracunhaém e Capibaribe. “Muitas famílias dependem da pesca para sobreviver e, durante esses oito dias de vazamento, muitas espécies foram junto com a água, ocasionando prejuízos. Trazer a discussão à tona é muito importante, mas precisamos de resultados”, ponderou.
Moraes cobrou do Governo do Estado mais atenção ao problema. “Pedi, inclusive, uma audiência com o governador Eduardo Campos (PSB) para tratar o assunto”, informou.
A presidente da Comissão de Cidadania da Casa, deputada Terezinha Nunes (PSDB), ressaltou que houve uma falha de comunicação. “O acidente ocorreu, mas foi solucionado. No entanto, os pescadores foram muito prejudicados e estão sendo ajudados pelas prefeituras. O Conselho Gestor da Barragem do Carpina deve ser criado com a participação ampla dos prefeitos, pescadores e organizações da sociedade civil que atuam na região”, sugeriu a tucana.
A audiência também contou com a presença de representantes da Compesa e da CPRH, além de prefeitos e de associações de pescadores atendidas pelo manancial.
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